Bem-vindos. Neste blogue, têm lugar textos da autoria de membros da comunidade educativa da Escola Secundária de Vilela e apontamentos diversos sobre livros e literatura.

15
Fev 17

 

A nossa proposta de hoje é o texto de José Carlos Pacheco, do 11.º VA, sobre Amor de Perdição, apresentado no âmbito do Concurso Nacional de Leitura. Esperemos que gostem, e, em especial, que se sintam mais motivados para conhecer ou revisitar a obra de Camilo Castelo Branco.

 

Camilo Castelo Branco, nascido a 16 Março de 1825, foi um romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor português. De entre as suas obras, hoje falarei de Amor de Perdição.

Quando Camilo escreveu a novela passional Amor de Perdição, a sua vida pessoal e amorosa estava num momento difícil. O autor tinha começado uma relação com Ana Plácido, que estava casada cm Manuel Pinheiro Alves, e foi acusado judicialmente de cometer o crime de adultério. Quando deu entrada na cadeia da relação do Porto, foi ali que escreveu a novela. Teve, nesse local, conhecimento do livro de registos em que eram anotadas as entradas e saídas dos presos, e um dos registos falava de Simão Botelho, que entrara na prisão com 18 anos, tendo sido enviado para a India a a17 de Março de 1807.

Então, esta obra retrata a família do próprio autor, com Simão Botelho (tio do autor) e Teresa de Albuquerque como personagens principais. Durante a narrativa, apresenta-se a história de amor entre Simão Botelho e Teresa Albuquerque, dois jovens, que veem o seu amor travado pela rivalidade de suas famílias. Neste ponto, podemos até comparar a obra de Camilo Castelo Branco a uma obra de William Shakespeare, Romeu e Julieta, e ao episódio camoniano de Inês de Castro.

Além da ação pessoal e amorosa, que envolve Simão e Teresa, temos a ação familiar e social (note-se a presença de um subtítulo na obra, Memórias de uma família). Esta diz respeito ao conflito entra duas famílias, no princípio do século XIX. Assim, ficamos a conhecer um tempo bem diferente do nosso, em termos sociais e de mentalidade. Apresento como exemplo os casamentos que aconteciam muitas vezes combinados entre famílias da fidalguia, em que uma jovem podia ser impedida de casar com alguém que não tivesse a aprovação da família (Teresa). A entrada no convento era o destino da jovem que não aceitasse a vontade da família.

De toda a obra, a minha parte favorita foi o final, onde as duas personagens principais morrem, num desfecho trágico da narração. Esta parte suscitou-me grande interesse pois fez-me pensar sobre a vida após a morte, visto que as duas personagens morrem acreditando que, depois da morte, se encontrariam no céu e aí seriam felizes. De toda esta parte, gostava de salientar um excerto: «À luz da eternidade parece-me que já te vejo, Simão». Este excerto faz parte da última carta escrita por Teresa a Simão, lida por Simão alguns dias antes da sua morte.

           

José Carlos Pacheco

publicado por escoladeescritores às 11:37

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