Bem-vindos. Neste blogue, têm lugar textos da autoria de membros da comunidade educativa da Escola Secundária de Vilela e apontamentos diversos sobre livros e literatura.

12
Mar 09

Conclui­‑se hoje, a com a publicação da terceira parte, a apresentação da autobiografia apócrifa do Padre António Vieira, da responsabilidade da Ana Nunes, do 11.º E. Boa leitura.

 

A missão da minha vida (terceira e última parte)

 

               E eis que chega assim o período mais difícil da minha vida, entre 1664 e 1665, durante o qual fui acusado de Judaísmo pela Inquisição, processado e preso. A pena foi cumprida na prisão do Tribunal do Santo Ofício, em Coimbra, onde passei mais ou menos três anos. Só passados esses três anos, em 1668, é que fui libertado pelo rei D. Pedro II, sucessor de D. Afonso VI. Nesse ano regressei a Lisboa e dediquei-me, outra vez, à pregação, sempre com mais esforço e sucesso. Foi em 1669 que viajei para Roma, onde me tornei célebre como pregador ao serviço da Rainha da Suécia, Cristina Alexandra, residente naquela esplêndida cidade. Durante este ano, e alguns que seguiram, travei uma dura luta com a Inquisição Portuguesa, sempre com esperança de arranjar apoio de alguns católicos.

               Finalmente, com muito meu agrado, consegui uma declaração que me protegia da perseguição inquisitorial e regressei assim a Portugal, em 1675. O meu primeiro volume dos Sermões Completos foi editado em 1679, o que me deixou radiante, pois pude ver o meu trabalho exposto para todos. Mas, para meu grande desgosto, em Portugal vivia-se um ambiente de grande intolerância, sendo assim preciso tomar uma decisão. E foi o que fiz. Parti para a Baía em 1681. Mesmo com tudo o que se passava em meu redor, nunca deixei os meus sermões de lado, sendo esta a tarefa de que me ocupei até morrer.

               Em 1688, com a maior das felicidades, e confesso que com alguma surpresa, fui nomeado visitador da Província do Brasil, cargo através do qual promovi a criação de missões entre os Índios. Entreguei, em 1697, tudo o que escrevi, para publicação do duodécimo volume dos meus sermões, onde se encontra toda uma vida, dedicada aos dois ideais pelos quais lutei e sofri: a tolerância religiosa em relação aos judeus e a liberdade dos índios.

               Morri, a 18 de Julho de 1697, no colégio da Baía, com noventa e um anos, e com orgulho digo que vivi uma vida difícil, com maus bocados, mas feliz, pois tudo valeu a pena, já que defendi sempre aquilo em que acreditava, lutando contra tudo e contra todos, e alcancei, assim, o meu objectivo.

 

publicado por escoladeescritores às 12:42

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