Iniciamos hoje a publicação de um poema longo, da autoria do Carlos Carvalho, do 11.º B, que nos apresenta uma personagem bem conhecida dos contos infantis, mas aqui submetida a um olhar que desvenda o seu reverso. Eis uma leitura estimulante, desdobrada em várias entradas, ao longo das quais este poema será editado na íntegra.
Ao contrário do costume,
Da história habitual,
Contarei à minha maneira
A história d’A Cinderela do Mal.
Criança que cresceu só
E toda a vida amargurada,
Quando a adulta chegou,
Sua maldade triunfava.
Roubava vidas «insignificantes»
Que a faziam fortalecer,
Aumentava os seus feitiços
A cada anoitecer.
Era uma bruxa malvada,
De beleza incomparável;
Quem a amava, morria;
Era um sonho, mas condenável.
Um dia, farta do anonimato,
Resolveu «sair à rua»,
Caçar alguém conhecido,
Que não conhecia a malícia sua.
Encontrou um príncipe bondoso,
Que ficou logo apaixonado
E, embora ouvisse algo sobre Cinderela,
Ignorou, visto por ela estar vidrado.
Cinderela viu nele
Uma vítima potencial
Que a colocaria bem de vida
E a potenciaria no mal.
O príncipe prontamente
A convidou para jantar,
Já tendo em seu pensamento
Que com ela queria casar.
Cinderela, fazendo-se difícil,
Disse que não podia aceitar,
Mas no fundo queria ir
Para com o príncipe poder ficar.
O príncipe insistiu
E sentiu-se até frustrado,
Pois não sabia que Cinderela
Queria o príncipe esbanjado.
A Cinderela respondeu
Que, por mera educação,
Diria que sim ao príncipe
Se ele lhe beijasse a mão.
O príncipe não hesitou
E beijou-lhe a mão de imediato;
Então, Cinderela teve a certeza
De que a «refeição» lhe caíra no prato.
[continua]