Bem-vindos. Neste blogue, têm lugar textos da autoria de membros da comunidade educativa da Escola Secundária de Vilela e apontamentos diversos sobre livros e literatura.

31
Mai 17

 

Com o fim das aulas neste ano lectivo, também este blogue se despede dos seus leitores, desejando-lhes as melhores leituras. Nós vamos fazer por isso, e a dificuldade só está na escolha, como bem podem constatar. Até breve.

publicado por escoladeescritores às 16:33

24
Mai 17

 

Apresentamos hoje um texto narrativo elaborado a partir de uma pesquisa sobre lendas e tradições da Amazónia, em articulação com um texto de publicidade institucional, sobre a desflorestação da Amazónia. A autoria é da Mariana Coelho, do 7.º RD. Boas leituras.

 

Um dia para esquecer e lembrar

 

«Acordar! Acordar! Acordar!» – gritava o meu querido papagaio, que tanto estimo.

Ah! Pois … Nem me apresentei. Que vergonha…Olá! O meu nome é Aminata, tenho doze anos e sou uma índia de uma tribo da Amazónia, os Pithecus.

– Mas que estranho… O meu papagaio não me costuma acordar assim… O que é que se está a passar? Inami! Estás aí? – O meu irmão chama-se Inami e tem catorze anos.

– Sim, Aminata – respondeu-me ele. – O que se passa para estares aí a chamar por mim?

– O Imeri acordou-me, e isso, bem tu sabes, não é costume…

– Pois não… – concluiu o meu irmão. – O que se passa, Imeri?

«Fome! Fome! Comida! Comida!»

– Ah! Tu só queres comer e por isso é que me acordaste não é?! Pássaro mau! És muito mau! Mesmo muito mau!

– Anda lá, não te chateies com ele… Eu dou-lhe de comer e tu vais lá fora ter com a mãe e tomas o teu pequeno-almoço. Hoje é leite de coco… Vai lá… – insistiu o meu irmão.

Esqueci-me de dizer: o meu pai é o chefe da nossa tribo e é o melhor pai do mundo. A minha mãe também é a melhor mãe do mundo!

Enquanto isso, fui-me aproximando da minha mãe, que, quando reparou em mim, sorriu-me como forma de bons dias.

– Então, filhota? Bom dia! Já estás acordada? – e, enquanto falava, servia-me leite de coco, que é muito raro de encontrar, pelo menos onde a nossa tribo está localizada.

– Sim… O Imeri acordou-me… Tinha fome… – expliquei-lhe eu. – Hum… Que leite delicioso!... Como é que encontraram os cocos?

– O pai encontrou-os quando estava a caçar com os homens da tribo.

Eu vou explicar-vos como é a nossa tribo. É pequena, mas é muito agradável. Somos à volta de vinte pessoas, distribuídas por seis ou sete cabanas, que suportam cerca de quatro pessoas. E, depois, temos a cabana do nosso xamã, onde se preparam as poções, os xaropes e onde se encontra o grande totem, que é sagrado.

– Aminata, agora que já bebeste o teu leite de coco, vai à tua tia Miluhu, para te pintar a cara… A nossa tinta acabou… Depois, podes ir com o teu irmão e com o Imeri apanhar bagas para fazer mais tinta…

– Sim, claro!

Quando saí da cabana da tia Miluhu, o meu irmão e o Imeri já estavam à minha espera. O meu irmão trazia na mão um cesto para poder apanhar frutos e, também, a minha zarabatana, que é cor-de-rosa e muito bonita.

– A mãe disse que não podemos sair do caminho marcado, pois a floresta é perigosa, a vegetação é densa…

– Sim, como de costume…

Lá fomos nós para o coração da floresta.

– Uf, mas que calor…  – exclamei eu.

– Tens razão… Hoje está mesmo muito calor, mais do que o costume…

Estávamos nós entretidos a procurar bagas para fazermos tinta quando começamos a ouvir vozes:

– Começamos por este lado onde as árvores são mais valiosas e os industriais vão pagar bem por estas belezas!

Enquanto os homens conversavam entre si, o Inami, o Imeri e eu escondemo-nos atrás de umas plantas altas para que não nos conseguissem ver, mas nós víamos todos os seus movimentos.

Um dos homens era magro e alto, e parecia ter autoridade sobre o outro, que era gordo e atarracado.

– Então, vamos ao trabalho, Quim? – perguntou o magro.

– Vamos lá – respondeu o outro.

– Inami, vamos sair daqui, não os quero ver a cortar estas pobres árvores … – implorei eu.

– Sim, é melhor, Aminata.

Silenciosamente, levantámo-nos e saímos daquele sítio.

Continuámos a andar e, passados uns momentos, ouvimos o estrondo de uma árvore a cair. Começámos a correr e só parámos quando chegámos à nossa aldeia.

– Socorro! – gritei eu.

– Que se passa?! Que se passa?! – gritavam várias pessoas ao mesmo tempo.

O meu irmão, calmamente, explicou o que tinha sucedido, deixando toda a gente espantada e, ao mesmo tempo, preocupada. No fim, quando o relato do Inami terminou, o meu pai deu uma ordem:

– Homens, agarrem nas zarabatanas e nas lanças e venham comigo. Inami, tu vais à frente mostrar o caminho.

– Também quero ir, pai! – pedi eu.

– Não, Aminata, tu ficas aqui com a mãe e com as mulheres da tribo.

– Mas eu… – protestei.

– Não – interrompeu o meu pai  –, já fizeste que chegue, agora ficas aqui. Mando eu.

Cedi, pois não tinha outra alternativa.

Chegada a noite, o meu pai, o meu irmão e os homens da tribo regressaram ao acampamento.

– Com as nossas zarabatanas e com as lanças estragámos-lhes as máquinas. Amanhã já não poderão trabalhar.

– Cortaram muitas árvores? – inquiriu a minha mãe.

– Poucas, mas as que cortaram são as melhores.

– Pai, amanhã queres que faça vigia? – perguntou o meu irmão, que, até àquela altura, tinha estado calado.

– Sim, mas levas o Imeri, e, se precisares, mandas uma mensagem por ele.

– Pai, mãe, posso ir com Inami? – pedi eu.

– Não. É muito perigoso, Aminata. Não podes ir – declararam os meus pais.

No dia seguinte, o meu irmão partiu bem cedo para o local, chegando à tardinha com más notícias.

– Ainda estão lá e têm máquinas mais potentes.

– Amanhã haverá guerra  – declarou o meu pai.

Os homens assentiram e estiveram até altas horas a preparar uma estratégia para combaterem.

Horas mais tarde, o sol nasceu como sempre e os homens aprontaram-se. Vestidos e pintados a rigor, preparam-se para partir.

– Mãe, o Inami vai?

– Sim, filha.

– Vai correr tudo bem, não vai?

– Claro que sim. Eles vão regressar sãos e salvos.

Despedi-me deles e desejei boa sorte.

Já à noite, os homens regressaram tristes. E…

– Pai, o Inami? – perguntei eu, inqueta.

– Sim, o Inami? – perguntou, também, a minha mãe.

– O Inami atirou a flecha contra um dos homens, mas… O homem tinha uma arma e… Deu-lhe um tiro e…

– E? – perguntei, aflita.

– Ele morreu…

– NÃO ! O INAMI NÃO! – gritei eu a chorar.

– Filha, tem calma …

– NÃO! ELE NÃO MORREU…

– É verdade…

O meu pai agarrou-me a mim e à minha mãe, num abraço forte. Foi a primeira vez que percebi o que o xamã um dia me tinha dito: «Um dia vais sentir que a força do amor se manifesta de muitas formas». Aquele abraço não era só do meu pai. O Inami estava ali e eu podia sentir os braços dele, também.

– Ele vai olhar por nós sempre… Um dos homens morreu e o outro foi embora com a promessa de não mais cá voltar.

Nessa noite, uma estrela brilhou mais forte no céu… E eu passei a olhar sempre para ele, quando precisava de um abraço do meu irmão…

 

Mariana Coelho

publicado por escoladeescritores às 16:26

17
Mai 17

 

A partir de uma situação de escrita criativa em sala de aula, a Ariana Moreira, do 9.º RB, produziu um texto que merece ser lido por todos quantos acompanham ou visitam o nosso blogue. Aqui o deixamos ao cuidado dos nossos sempre atentos leitores.

 

Se eu fosse um banco de jardim…

 

Dizem que «aeroportos já viram mais beijos sinceros do que casamentos, que paredes de hospitais já ouviram mais orações sinceras do que em várias igrejas» (autor desconhecido), e eu, um simples banco de jardim, conheço mais histórias do que todos os livros…

Ontem foi um dia muito cansativo... Logo pela manhã vieram as três gordas do costume incomodar o meu sono, cheguei mesmo a pensar que seria o meu fim! Felizmente, para mim, uma delas recebeu um estranho telefonema e levou as amigas consigo (chego mesmo a desconfiar que elas são agentes secretas disfarçadas de simples mulheres gordas para concluírem as suas missões).

Enquanto isso, as crianças pequenas e ingénuas brincavam nos baloiços do parque, ignorando o silêncio que habitava em mim…

O tempo passava lentamente, com um sabor amargo para as minhas tábuas, pessoas sem vida corriam com os seus retângulos luminosos nos dedos, num dia onde até o sol transpirava tédio.

O relógio da cidade tocou as sete horas da tarde, a hora a que finalmente o meu poeta chegava para me adormecer ao pôr-do-sol… Nunca soube o seu nome. Ele parecia ser uma criação do mar, com os seus olhos azuis, era como se as ondas de uma tempestade habitassem os seus olhos… Na sua calma característica, pegou na caneta azul, no caderno velho, e escreveu enquanto sussurrava:

– O meu coração pertenceu à mesma mulher durante cinquenta anos… Pena que Deus não tivesse permitido que ela me desse o seu… – e, à medida que foi dizendo isto, os tesouros que segurava nas suas mãos escorregavam para o relvado, os seus olhos fechavam-se e o seu corpo ficava cada vez mais frio e pesado.

Uma multidão começou a reunir-se, enquanto se ouviam diversas sirenes cada vez mais perto.

Parecia que o mundo tinha desabado sobre um simples banco, que, por coincidência, tinha de ser eu…

Parecia que o amor, afinal, não é algo assim tão simples de entender como eu pensava…

Parecia que, afinal, nada nesta vida é por acaso…

Parecia que tudo não passava de parecenças, e nada era a realidade…

Seria eu um simples banco de jardim que vivia apenas para agradar os outros?

Não passaram minutos, horas, dias, nem semanas… Passaram anos, e eu tornei-me invisível para todos os seres vivos que antes faziam parte dos meus dias. Tenho saudades das mulheres gordas que agora têm medo de vir ao parque, das crianças que agora se tornaram as pessoas dos retângulos luminosos, mas do que tenho mais saudades é do meu poeta do mar…

 

Ariana Moreira

publicado por escoladeescritores às 15:41

10
Mai 17

 

Com este óleo sobre tela, provavelmente de 1912, da autoria de Henri Matisse (1869-1954), intitulado Une jeune lectrice, terminamos esta série de imagens seleccionadas pelos nossos alunos, todas dedicadas, como é óbvio, à leitura. Esperamos que contribuam para reforçar a ideia de que a leitura, só por si, é uma excelente fonte de ambientes agradáveis.

publicado por escoladeescritores às 17:19

03
Mai 17

8771209.jpg

 

No filme Une femme est une femme (1961), de Jean-Luc Godard, Anna Karina desempenha o papel de uma mulher que deseja ter um filho e que, como é habitual nas protagonistas do cinema do célebre realizador francês, gosta de ler. Um exemplo assaz curioso da utilização dos títulos dos livros é a imagem que os nossos alunos escolheram, em que Angela (a personagem representada por Anna Karina) se serve de um desses títulos para insultar um homem (da capa emerge a palavra bourreau, que significa carrasco).

publicado por escoladeescritores às 00:59

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