Prosseguindo no acto II, apresentamos hoje as cenas VII, VIII, IX e X da renovada peça de Almeida Garrett (revista, na realidade, por alunos de Literatura Portuguesa do 11.º VC).
Cena VII (D. Manuel e D. Beatriz)
Manuel – Então, minha filha?
Beatriz – Meu pai! Estou despedaçada! Sabeis que não é do meu agrado este casamento.
Manuel – Mas, filha... Minha estimada filha! Sabeis que é necessária esta tua união com o Duque de Sabóia! Ele é um bom partido. É o teu fado, Beatriz! (beijando a testa de sua filha) Futuramente serás Duquesa de Sabóia, a mais bela de todas!
(D. Manuel retira-se.)
Cena VIII (D. Beatriz e Criada)
Beatriz – Perco-me de amores por Bernardim Ribeiro, não consigo evitar! Amanhã partirei para Sabóia para casar com quem não amo! Ai! Bernardim, Bernardim! Eterno menino das saudades! Ficarás sempre no meu coração… (deitando-se na cama) Ai, meu pobre coração, como sofre!
(Apressadamente, entra no quarto uma criada.)
Criada – Senhora, está atrasada para o teatro, El-Rei, mandou chamá-la. A entrada de vossa alteza será anunciada não tarda…
(Levantando-se da cama, Beatriz sai do quarto.)
Cena IX (D. Manuel, D. Beatriz, Criados, Mordomo, Parvo e Pompeu)
Criados (em coro, tocando as cornetas) – Daremos entrada à Infanta D. Beatriz, filha de D Manuel, futura Duquesa de Sabóia…
Mordomo (interrompendo e corrigindo os criados) – Dona Beatriz Filomena Isaura Ferreira Gonçalves De Castro e Vasconcelos, futura duquesa de Sabóia!
Cena X (Parvo, Pompeu, Gil Vicente)
(Aparte, entre os convidados, Parvo e Pompeu comentam o que está a decorrer.)
Parvo - Que cousa fermosa ali vai! Será esta a última vez que irei ver Beatriz? Vai-se ela casar com aquele duquezinho de Saboa… Sabeia, (diz com uma expressão facial muito confusa) lá daquela terra!
Pompeu (com ar de troça) - Sabóia!
Parvo (tentando disfarçar o seu erro) - Eu sabia, eu sabia seu desgraçado.
(Aparte, antes de entrar definitivamente no palco, organiza o seu teatro.)
Gil Vicente - Cada um em seu lugar. Acolá está El-Rei, a rainha, os infantes – os embaixadores – ali a corte. (apontando) – tocam os charaméis. – Silêncio geral. Vamos. – Porte, dignidade, um ar majestoso e grande.
(dirigindo-se para o palco)
Cortes de Júpiter é o título da nossa comédia. Deuses e Deusas: não há doutra gente aqui.
Parvo (aparte) – Ouvistes? Somos deuses!