Bem-vindos. Neste blogue, têm lugar textos da autoria de membros da comunidade educativa da Escola Secundária de Vilela e apontamentos diversos sobre livros e literatura.

24
Mar 14

 

Continuamos com o diálogo entre as rivais no amor de Simão Botelho, agora entregue à pena da Linda Inês de Pinto e Melo, do 11.º VD, que o articulou da forma como a seguir se verá. Esperamos que os nossos leitores apreciem esta nova incursão no território do romance de Camilo Castelo Branco.

 

A voz de Mariana tremia, quando Teresa lhe perguntou quem era.

– Mariana, filha do mestre João da Cruz. O senhor corregedor foi bom para meu pai em tempos e o senhor Simão Botelho está hóspede lá em casa.

Os olhos de Teresa abriram-se de espanto.

– Simão? Foi ele que a mandou aqui?

– Sim, minha senhora. O Simão pediu…

– Como está ele? – interrompeu Teresa, ansiosa. – Simão sabe da minha situação? Meu pai quer-me casar com o meu primo Baltasar, mas eu recuso-me! – Mariana ouvia o discurso agitado de Teresa em silêncio e de olhos fitos no seu rosto, observando e admirando os seus traços e expressões. – Esta madrugada levar-me-ão para o Convento de Monchique, no Porto, o meu pai, Baltasar e as minhas primas. Diga-lhe isso, está bem?

– Minha senhora, o senhor Simão pediu-me para lhe trazer uma carta. – disse, e entregou a carta a Teresa.

Quando as suas frias mãos tocaram nas da fidalga, sentiu o macio da sua pele. A pele de Mariana era áspera, polida pelo trabalho de uma juventude. Simão Botelho, um homem de classe, nunca iria preferir as suas mãos trabalhadoras e humildes à delicadeza e suavidade de umas mãos nobres como as de Teresa.

Enquanto Mariana se perdia nos seus pensamentos e preocupações, Teresa lia a carta, com o semblante sério mas ao mesmo tempo afável.

– Menina Mariana, muito obrigada. Que Deus lhe seja bom, estou certa de que será. A menina já é dotada de tanta formusura, mas um sorriso fá-la-ia ainda mais bela. Porque está triste?

– Não tem que agradecer, minha senhora. – respondeu Mariana, ignorando a pergunta feita por Teresa. – Só cumpro ordens do senhor Simão. Eu vejo o que ele sente por si, ouço-o a chorar todas as noites. Não come, não dorme, só pensa em si. O amor faz isto a uma pessoa…

E Teresa afastou-se, limpando com a manga do casaco as lágrimas que lhe escorriam pelo rosto.

Saiu Teresa, e Joaquina entrou na grade.

publicado por escoladeescritores às 15:04

21
Mar 14

 

Os leitores deste blogue já conhecem o diálogo entre Teresa e Mariana, as duas personagens femininas de Amor de Perdição apaixonadas por Simão Botelho, o protagonista do romance de Camilo Castelo Branco. Esse diálogo foi de novo reescrito por alunos de Literatura Portuguesa, abrindo caminhos ao desenvolvimento da narrativa eventualmente diferentes do que foi explorado pelo autor oitocentista. Publicaremos aqui alguns desses textos, a começar pelo da Inês Ribeiro, do 11.º VD, que abre hoje esta nova série. Recordamos que as frases de abertura e de conclusão, devidamente destacadas, são as únicas que pertencem a Camilo, de acordo com as regras do desafio lançado aos alunos. Boas leituras.

 

A voz de Mariana tremia, quando D. Teresa lhe perguntou quem era.

– Tenho esta carta para lhe entregar, vossa senhoria.

– Eu sabia que ele me escreveria! É de Simão, não é? – perguntou Teresa, emocionada.

– É sim, minha senhora.

Após ler a carta, entristecida disse:

– Infelizmente, não posso escrever-lhe. Diga-lhe que amanhã me mudo para o convento do Porto. Diga-lhe também que o amo e os meus sentimentos continuarão os mesmos. Arranjarei uma forma de o voltar a ver e de lhe falar. Diz-lhe?

– Perdoe-me, senhora, mas não o poderei fazer!

– Mas por que motivo? Dar-lhe-ei este anel como pagamento por este favor.

– Desculpe, mas não o posso aceitar. Pensei que seria mais fácil ajudar Simão a encontrar novamente a felicidade, mas não posso, não consigo! Senhora Teresa, meu nome é Mariana e, nos últimos tempos, tenho ajudado Simão, a quem meu pai deu abrigo. E digo-lhe, o meu coração a Simão pertence! Não me peça para lhe enviar recados seus porque não o farei. Perdoe-me, senhora, mas está na altura de tentar a minha felicidade!

– Pois fica sabendo que não desistirei de Simão, é a mim que ele amar, é a mim que ele quer! Não desistirei, Mariana.

– Veremos! Fique com Deus, minha senhora.

Saiu Teresa, e Joaquina entrou na grade.

publicado por escoladeescritores às 12:51

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