O texto de hoje, que foi escrito pelo Joel Nogueira e pela Margarida Barbosa, do 7.º VD, no âmbito do estudo do conto tradicional realizado nas aulas de Português, propõe‑nos uma viagem ao mundo dos faraós. Esperamos que a apreciem tanto como nós.
Dentro do Egito
Naquele tempo, havia um cavaleiro oriundo da Dinamarca que queria conhecer o mundo. Passou por Florença, México, Nigéria e, quando chegou ao Egito, decidiu parar o seu percurso para dar um passeio de camelo. Passado algum tempo, o camelo assustou-se com alguma coisa que viu e deixou o cavaleiro para trás, numa imensidão de deserto.
Andou, andou e andou e, quando estava no fim das suas forças, deparou-se com uma pirâmide grotesca, com grandes estátuas. Havia uma entrada, mas estava protegida por guerreiros escolhidos de entre os melhores. Como que por magia, as suas energias, que de momento estavam esgotadas, encheram-se com uma luz reluzente e esperançosa (talvez tenha sido obra de um deus). Naquele momento, só pensava no que haveria lá dentro: um tesouro ou talvez um palácio com uma forma muito peculiar, que teria uma bela donzela. Não se sabia, mas ele queria saber e estava morto, da cabeça aos pés, por descobrir. Para passar por eles tinha que os distrair. Andou à volta daquela pirâmide, à procura de qualquer coisa que os pudesse distrair. Mas, de repente, o que aconteceu? O solo abriu-se debaixo dos seus pés, caindo ele para dentro daquela magnífica obra. Parecia um túnel. Ao longo daquele corredor que parecia não ter fim, havia inscrições e a tal escrita egípcia, que era… era a escrita hieroglífica. Finalmente chegara ao fim e havia uma passagem, que tinha dois cães petrificados. Na entrada, estava escrito «Não incomodar o Faraó ou a maldição seguir-te-á até à morte». Mas ele não ligou. Deu um passo à frente e a porta, subitamente, abriu-se.
Não cria no que via! Lá dentro havia muitas jóias, baús, potes de ouro e de barro, alguns bens pessoais que se usam no dia-a-dia, até que, num dos cantos e por acaso o mais obscuro dos quatro daquela salinha, havia um sarcófago feito em ouro e com jóias caríssimas. Abriu-o e, de repente, viu um morto mumificado. Achou que os mortos não ressuscitavam e pegou num saco com ouro e jóias. De súbito, ouviu grunhidos e latidos. Só teve tempo para começar a correr, sem saber quem e o que o perseguia. Estafado, parou para descansar e reparou que não havia nada nem ninguém atrás de si. Achou-se inútil por ser um cavaleiro que começava a correr cheio de medo, sem sequer saber se existia algo atrás de si. Voltou a ouvir os grunhidos e os latidos, mas desta vez não acreditou naquela farsa e ficou imóvel. Porém estava completamente enganado. A múmia, acompanhada pelos seus fiéis cães, agarrou-o e levou-o consigo para dentro do túmulo. Lá iria morrer de uma das três maneiras: sem oxigénio, cortada a passagem de ar, ou à fome ou então à sede. Desesperado, tentou tudo para sair daquela prisão fechada. Mas os seus esforços foram em vão.
Já no palácio real, chegou aos ouvidos da rainha Cleópatra que um viajante proveniente da Dinamarca estava há um dia preso dentro da pirâmide onde tinha sido depositado o Faraó Ramsés. Cleópatra, ao saber deste acontecimento, não hesitou, pegou no seu chicote e no seu cetro e avançou em direção à pirâmide. Uma vez lá dentro, à entrada do túmulo, os cães petrificados voltaram a ser de carne e osso. Cleópatra agitou o seu chicote, acertou-lhes e eles desataram a fugir. Com o cetro, derrubou a entrada, que ficou desintegrada. A pirâmide começou então a desmoronar‑se, aos poucos e poucos. O cavaleiro aproveitou isto para se escapulir, mas Cleópatra não teve tanta sorte, pois tinha tropeçado na sua veste e ficou dorida nos joelhos, impossibilitada de andar, acabando mesmo por ficar soterrada debaixo daquele monte de pedras. Quem estava à volta do cavaleiro tentou matá-lo, enquanto outros procuravam encontrar Cleópatra. Como ele corria muito depressa, escapou daquelas pessoas malucas, deixando tudo para trás, em especial o seu cavalo. Sem ele, como iria sair dali? Só se sabe que nunca mais ninguém ouviu falar dele. Mas uma coisa é certa: apesar de sair ileso, ele saiu de lá com um peso na consciência. Aprendera que, quando se lia um aviso, havia que respeitá-lo.