Bem-vindos. Neste blogue, têm lugar textos da autoria de membros da comunidade educativa da Escola Secundária de Vilela e apontamentos diversos sobre livros e literatura.

09
Jul 13

 

Publicamos hoje a segunda e última parte do conto elaborado pela Inês Melo e pelo Jorge Ferreira, do 10.º D. Com este trabalho, encerramos as actividades deste blogue referentes ao ano lectivo de 2012-2013. A todos os nossos leitores, desejamos uma excelentes férias e ainda melhores leituras.

 

Nuno entrou confiante na editora e, com um passo seguro, dirigiu-se ao gabinete do editor responsável, que já o esperava:

Boa tarde. Aqui está o rascunho do meu livro. Dê-lhe uma olhadela e depois diga-me alguma coisa, pode ser?

Trata-se de quê? – perguntou o editor.

A história passa-se à volta de um aluno interno num seminário que desconfia que os seus colegas estejam a ser abusados pelos padres. Ainda não pensei no título.

Sabe que, se isto for para a frente, a polémica vai estalar?

É principalmente esse o objectivo. Uma estratégia de marketing.

Muito bem, vamos ver o que eu posso fazer. Diga-me só uma coisa, pode contratar bons advogados?

Silêncio sob a Bíblia foi best-seller pelo país inteiro. Adorado por uns, odiado por outros. Era um tema bastante sensível, por isso as críticas e opiniões eram bastante subjectivas e diferentes.

Não se pode dizer que este livro tenha sido bem aceite por parte da Igreja. Quando via a poeira acalmar, o assunto fora novamente puxado por um livro de um «escritorzeco» qualquer. Se a reputação de Nuno junto da Igreja já não era muito boa, foi completamente por água abaixo com o sucesso que o livro estava a ter e com as críticas que o rodeavam.

Assim, Nuno foi afastado definitivamente da Igreja e a sua presença tornou-se cada vez mais um incómodo junto dos crentes.

Ao mesmo tempo que a carreira de Nuno prosperava, o sucesso escolar da sua filha estava cada vez pior. Joana faltava às aulas sem qualquer justificação, o seu aproveitamento era terrivelmente negativo e o seu comportamento era desrespeitador e desagradável. Helena questionava-se acerca das razões que podiam estar a fazer com que Joana agisse desta forma e não chegava a conclusão alguma. «Talvez seja do divórcio…», pensou, decidindo informar Nuno sobre o assunto. Concordam em falar com os amigos mais próximos de Joana, que não sabiam de nada que estivesse a motivar tal comportamento.

Esta aproximação de Nuno e Helena era como que um novo conhecimento mútuo, o esquecimento e o perdão dos erros do passado, e não tardou que ambos o percebessem.

Um dia, enquanto Helena guardava roupa lavada de Joana no seu quarto, encontrou o diário da filha. «Eu não devia abrir isto… Mas, e se a solução para os seus problemas está aqui dentro?», pensou. E, então, abriu o diário:

«Não aguento ver os meus pais separados. Sei que me queixei imensas vezes que não os conseguia ver juntos, mas vê-los separados é ainda pior. Eu sei que ambos cometeram erros, principalmente o meu pai, mas eu sei que apesar de tudo ele ama a minha mãe e ela o ama. Era tão melhor se eles se voltassem a juntar.»

Como era verdade! Apesar de tudo, Helena ainda amava Nuno, sempre o amara, mesmo quando o odiava por a ter enganado. E ultimamente as coisas estavam óptimas entre os dois, não discutiam, tratavam-se com respeito, conviviam como se deve conviver num casamento, apenas viviam em casas diferentes. À noite, Helena ligou a Nuno e perguntou-lhe se queria regressar a casa.

Nuno estava mais do que arrependido de todo o sofrimento que causara à sua família e isso atormentava-o todas as noites. Amava Helena e, após alguns meses de redescoberta, decidiu que estava na altura de recomeçarem uma vida a dois, tendo feito o grande pedido.

Helena voltou a vestir-se de branco, mas desta vez não desfilou pela igreja repleta de convidados. Na conservatória estavam apenas os noivos, Joana e os amigos mais chegados. Não houve dúvidas e ambos disseram «sim» convictamente. Iam fazer todos os esforços possíveis para que este casamento resultasse e fossem uma família feliz.

Nuno tornou-se um marido excelente e carinhoso, mais fiel que nunca, e um pai presente e atencioso, pela primeira vez na vida sentindo-se concretizado: tinha uma carreira estável e uma família que era tudo para si.

publicado por escoladeescritores às 19:30

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