Prosseguimos a publicação dos textos de contracapa para uma eventual edição contemporânea da Crónica de D. João I. O trabalho de hoje sobre a obra de Fernão Lopes pertence à Ana Barbosa, aluna do 10.º D, que o elaborou numa aula de Literatura Portuguesa.
A Crónica de D. João I divide-se em duas partes. Na primeira, a acção está organizada à volta de certos acontecimentos: o desencadear da agitação do povo, a forte movimentação das forças portuguesas e castelhanas no centro e no sul do país, bem como a conspiração contra D. Leonor Teles. Fernão Lopes explica o «período do país sem rei» nessa parte em que o povo é, sem dúvida, o grande herói. Na segunda parte, após o relato da invasão castelhana, da grande e estrondosa Batalha de Aljubarrota e do regresso do rei de Castela à sua terra, o cronista centra-se em D. João I, apresentado como o herói que governa calmamente.
Na análise do prólogo, verificamos que Fernão Lopes quer escrever a verdade, a «clara certidom da verdade», e, para isso, deixará todo o fingido louvor e mostrará nuamente ao povo «as cousas que aveerom», depois de ver grandes volumes de livros e de consultar «pubricas escripturas de cartairos e logares», «leixados os compostos e afeitados razoamentos». Fernão Lopes é, sem dúvida, coerente no seu discurso.