Conclui‑se hoje a publicação da viagem imaginária que a Maria Inês Leal Lopes, do 7.º B, compôs ao Egipto da época dos Faraós. Boa leitura e boa viagem.
Foi então que, à saída do palácio, nos foi apresentado um escriba. Parecia um homem muito instruído, e o meu amigo Nemias disse-me que os escribas eram das poucas pessoas que sabiam ler, escrever e contar, pois tinham estudado longos anos para esse fim. Eles eram muito importantes porque ajudavam o Faraó na governação do país. Ser escriba era das profissões mais nobres de todas.
O escriba disse-nos que andava muito cansado porque tinha muito trabalho, ele estudava textos religiosos e anotava as orações ditas pelos sacerdotes, apontava as decisões do Faraó, que dava a conhecer ao povo, e calculava os impostos que os egípcios tinham que pagar ao rei. Os escribas apontavam tudo: impostos cobrados aos camponeses, blocos de pedra nos estaleiros, reservatórios de água e o número dos soldados no exército. Escreviam em papiro, uma planta que cresce nas margens do rio Nilo e cujas fibras serviam para o fabrico de um certo tipo de papel.
O escriba estava muito contente porque recentemente tinham inventado a escrita simples, que se chamava escrita hierática, uma forma simplificada dos hieróglifos.
Os hieróglifos eram símbolos que podiam designar um objecto, um som ou uma acção. Cada hieroglífico podia ter vários significados.
O Nemias foi-me mostrar e explicar um pouco, no seu tapete voador, como viviam os Egípcios, e eu fiquei a saber coisas muito interessantes: por exemplo, que a maior parte dos egípcios eram camponeses e trabalhavam terras que pertenciam ao Faraó ou aos ricos. O rio Nilo era muito importante ou até essencial porque fornecia água e fertilizava os campos com as cheias. Devido a essas cheias, as casas eram construídas em solos altos, feitas de terra, e não tinham quase mobília nenhuma. O telhado era plano, funcionando como terraço onde, à noite, a família se reunia, e havia diques a ligar as aldeias entre si, que permitiam a circulação de homens e animais. Mas era uma vida de muito sacrifício porque não havia nenhuma máquina, era tudo feito à mão, as cheias muitas vezes produziam desastres, às vezes havia secas, e os camponeses, se não conseguissem reunir a produção devida, eram castigados com o chicote.
Os Egípcios eram um povo que vivia em grandes famílias onde moravam também os avós, tios, primos, etc., e tinham muitos filhos, apesar de muitos morrerem novos.
Fiquei muito triste com uma notícia: os recém-nascidos deficientes eram abandonados, porque a deficiência era um sinal de que os deuses os tinham amaldiçoado. Como noutras civilizações, os filhos eram educados pela mãe e, logo que podiam, começavam a ajudar nos trabalhos agrícolas e na oficina. Os filhos de famílias ricas frequentavam o palácio e o templo e aprendiam a ler, escrever e contar, para, mais tarde, serem juízes, arquitectos ou escribas.
Perguntei ao Nemias se os egípcios só se dedicavam à agricultura. Ele disse que a maior parte vivia da agricultura, mas alguns dedicavam-se ao comércio nas margens do rio Nilo e outros partiam para a guerra para conquistar novas terras.
Estava nesta conversa interessante com Nemias quando me lembrei de olhar para o relógio e exclamei:
— Que tarde! A minha família deve estar preocupada comigo, leva-me a casa, por favor.
— Claro que levo, agarra-te bem que vou acelerar!
Olhei para a terra, que estava a ficar para trás, com a certeza de que ia lá voltar, talvez noutra época…