De acordo com o que anunciámos na última entrada, editamos hoje a reflexão crítica inspirada na problemática da fragmentação da identidade do sujeito poético, patente na obra de Pessoa ortónimo. Este texto foi redigido, no âmbito da disciplina de Português do 12.º ano, por uma aluna que adoptou o pseudónimo Matilde Júnior d’Andrade.
Quem sou eu?
«Quem sou eu» é uma questão não só utilizada como base para o poema «Não sei quantas almas tenho», de Fernando Pessoa ortónimo, mas penso que por todos nós de uma forma geral. É a origem das nossas reflexões pessoais, das nossas decisões, dos nossos objectivos, uma vez que é ora na pergunta, ora na resposta a essa mesma pergunta, que nos baseamos para viver minuto a minuto, dia‑a‑dia…
Eu sou um ser como todos os outros, com características certamente distintas, com um percurso claramente original, com objectivos obviamente únicos. Uma pessoa objectiva, ambiciosa, humilde, meiga, mas muito teimosa e frontal. Alguém que vive e luta por concretizar desde os mais pequeníssimos desejos até aos mais ambiciosos objectivos. Até hoje vivi momentos que me marcaram e de certo modo me guiaram no percurso de construção da minha personalidade. Não interpreto várias personalidades, não visto várias faces, não sinto a minha alma fragmentada, nem sequer despersonalizada… Tenho um passado que me define, um presente que me guia e um futuro aliciante pela frente.
Todos estes momentos fazem hoje sentir-me alguém com uma personalidade talvez ainda por definir, já que acredito que esta se começa a definir desde o primeiro minuto da nossa vida e apenas se conclui no último da mesma. Alguém com uma longa viagem pela frente, cheia de subidas e descidas, labirintos e encruzilhadas, mas sempre com um guia do seu lado. Alguém que gosta de viver e de ver viver e, portanto, alguém que nunca deixará de lutar pela sua própria felicidade e pela dos outros.