Quase todos conhecem O Principezinho (Le Petit Prince), de Antoine de Saint‑Exupéry, e os seus diálogos simultaneamente cândidos e inteligentes. Hoje publicamos um novo diálogo desta célebre personagem da literatura europeia, assinado pela Carla Sousa, do 9.º C da nossa escola. Passado algum tempo, apareceu diante de mim o principezinho. Tinha um ar alegre e misterioso. – Olá! – saudei eu o principezinho. – Olá! – Então por onde andaste este tempo todo? – questionei‑o com muita curiosidade. – Andei por aí …E conheci uma raposa muito especial. O principezinho afirmou aquela frase com tanta emoção que me atrevi a perguntar-lhe: – Que raposa é essa? – É uma raposa que conheci quando andava à procura de amigos. – Principezinho, porque dizes tu que a tal raposa é assim especial para ti? Para grande intriga minha, ele exclamou: – Ela contou-me um segredo, logo não te posso contar! Mas logo de seguida pronunciou-se: – Ou até te possa contar… Afinal, a raposa também é especial para mim, não só pelo segredo, mas também pelas coisas importantes que me ensinou. – Então conta lá! – pedi eu, entusiasmado e curioso – O que é que ela te ensinou? – Ensinou-me o queria dizer «criar laços». Tu, por acaso, sabes o que quer dizer? – Acho que não. Podes ensinar-me? – Claro! «Criar laços» é uma das coisas que é preciso para se fundar uma amizade. E não só. Para se fundar uma amizade é preciso ter muita paciência e ter determinados rituais. – Estou a ver que essa raposa te ensinou coisas realmente muito importantes para a nossa vida. E ensinou-te mais alguma coisa? – Sim, e também é muito importante! «Estar preso» implica dar o nosso tempo a alguém, dedicando-lhes uma parte de nós. Por exemplo, eu «estou preso» à minha rosa. – «Estás preso» à tua rosa!? – Estou. Para além disso, sou responsável por ela e devo dar-lhe muita atenção e carinho, e também tomar muito bem conta dela. O principezinho parecia-me seguro naquilo que dizia, e então comecei a entender o porquê de a raposa ser especial. Naquele instante, o principezinho interrompeu o meu pensamento e revelou o segredo: – Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. Os homens já se esqueceram disso e também de que devem dar mais valor aos amigos, pois, ao contrário das coisas, os amigos não se podem comprar. Em breves instantes, o principezinho adormecera e sussurrava: – Sou responsável pela minha rosa… Depois deste longo dia, podia concluir que a amizade é fundamental para a nossa vida e que a raposa mostrou ao principezinho as realidades vividas no mundo dos «homens».