Os leitores deste blogue já conhecem o diálogo entre Teresa e Mariana, as duas personagens femininas de Amor de Perdição apaixonadas por Simão Botelho, o protagonista do romance de Camilo Castelo Branco. Esse diálogo foi de novo reescrito por alunos de Literatura Portuguesa, abrindo caminhos ao desenvolvimento da narrativa eventualmente diferentes do que foi explorado pelo autor oitocentista. Publicaremos aqui alguns desses textos, a começar pelo da Inês Ribeiro, do 11.º VD, que abre hoje esta nova série. Recordamos que as frases de abertura e de conclusão, devidamente destacadas, são as únicas que pertencem a Camilo, de acordo com as regras do desafio lançado aos alunos. Boas leituras.
A voz de Mariana tremia, quando D. Teresa lhe perguntou quem era.
– Tenho esta carta para lhe entregar, vossa senhoria.
– Eu sabia que ele me escreveria! É de Simão, não é? – perguntou Teresa, emocionada.
– É sim, minha senhora.
Após ler a carta, entristecida disse:
– Infelizmente, não posso escrever-lhe. Diga-lhe que amanhã me mudo para o convento do Porto. Diga-lhe também que o amo e os meus sentimentos continuarão os mesmos. Arranjarei uma forma de o voltar a ver e de lhe falar. Diz-lhe?
– Perdoe-me, senhora, mas não o poderei fazer!
– Mas por que motivo? Dar-lhe-ei este anel como pagamento por este favor.
– Desculpe, mas não o posso aceitar. Pensei que seria mais fácil ajudar Simão a encontrar novamente a felicidade, mas não posso, não consigo! Senhora Teresa, meu nome é Mariana e, nos últimos tempos, tenho ajudado Simão, a quem meu pai deu abrigo. E digo-lhe, o meu coração a Simão pertence! Não me peça para lhe enviar recados seus porque não o farei. Perdoe-me, senhora, mas está na altura de tentar a minha felicidade!
– Pois fica sabendo que não desistirei de Simão, é a mim que ele amar, é a mim que ele quer! Não desistirei, Mariana.
– Veremos! Fique com Deus, minha senhora.
Saiu Teresa, e Joaquina entrou na grade.