No âmbito do estudo de sonetos de diversos autores, foram compostos, por alunas de Literatura Portuguesa, alguns exemplos dessa forma poética de catorze versos tão trabalhada e revisitada ao longo de várias épocas. Antes de darmos início à publicação desses textos, recordamos hoje um dos sonetos mais célebres da língua lusa, da autoria de Luís de Camões:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve – as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto:
que não se muda já como soía.